Restos de Colecção: Fundição de Oeiras

21 de junho de 2011

Fundição de Oeiras

A ‘Fundição e Construções Mecânicas de Oeiras, S.A.R.L’ conhecida apenas por ‘Fundição de Oeiras’, foi constituída em sociedade anónima por escritura de 19 de Janeiro de 1921,com Sede na Rua dos Fanqueiros, e fundada pelas Companhias Reunidas Gás e Electricidade ‘ (CRGE), e cujo administrador foi António Centeno, advogado e industrial, e primeiro presidente da ‘Companhia Portuguesa de Rádio Marconi ‘.

            Painel da azulejos de uma das entradas …                         … e o do pátio da entrada da fábrica

  

Com uma área inicial de 6500 m2 e 60 trabalhadores, a principal actividade nos primeiros tempos de laboração, era a fundição de metal ferroso para apoio às instalações eléctricas e de um modo geral a toda a fundição industrial nacional.

                        Vista aérea em 1929 …                                          … e nos finais dos anos 50 do séc. XX                                                             

 

A ligação da ‘Fundição e Construções Mecânicas de Oeiras, SARL’ ao concelho de Oeiras, inicia-se em 1929, quando a empresa, por intermédio do seu administrador, decide centralizar todas as actividades em Oeiras e iniciar uma nova linha de fabrico de banheiras, em ferro fundido, promovendo um incremento das suas actividades, transformando-se rapidamente num dos principais empregadores do concelho.

                                                                        Uma das entradas

                                           

                                                Páinel de azulejos, no pátio da entrada da fábrica

                                            

                                                                  Páineis nos jardins da fábrica

 

Estes páineis de azulejos, ainda hoje existem e em perfeito estado. Também o interior do edifício administrativo, está ornamentado com ricos páineis de azulejos.

Na continuidade deste processo dinâmico, a 10 de Novembro de 1938, realiza-se a inauguração, com pompa e circunstância, das novas instalações da fábrica no concelho, com a presença do Presidente da República, Marechal Óscar Carmona e várias outras entidades oficiais, ocasião à qual foi dada bastante enfoque, na medida em que a importância da Fundição de Oeiras no contexto da organização industrial do país, era já bastante relevante, como atestam os números e a superfície ocupada que passa de 8270 m2 em 1922, com 27 funcionários, e 2 fundições por semana, para 30.826 m2 em 1937, com 203 funcionários, e com fundições todos os dias, 8 horas por dia, o que demonstra, não só o alagamento das actividades implementadas, como a capacidade de produção e de produtividade desta empresa.

                                                            Fases da fundição de banheiras

 

 

No decénio 1956 a 1966 são promovidas duas ampliações da instalações fabris, com António Cardoso dos Santos, administrador da ‘Fundição de Oeiras’, ou somente “o Cardoso”, como era conhecido por todos. A empresa consegue uma projecção e vai alcançar mercados externos, não somente os ligados às colónias portuguesas, através de exportações para Europa, mediante uma politica de substituição dos meios artesanais do fabrico pela mecanização de todos os meios de produção. Para isso duplica o número de pessoal na fundição, abrindo espaço para novas técnicas, como a fundição injectada feita por meio de areias, o forno de ar quente para a fundição, a maquina de granalha para alisar as banheiras, a introdução da esmaltagem com um débito de cinco a sete toneladas de ferro por hora fundido, feito à custa de um aquecimento de ar insuflado de gases do forno, que atinge os 500º, tubos helicoidais, zincagem, braços pneumáticos entre outras renovações técnicas que projectam a ‘Fundição de Oeiras’ para níveis tecnológicos, competitivos e económicos extremamente elevados.

                                        Exemplos de artigos fabricados pela ‘Fundição de Oeiras’

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

Ficaram na memória as banheiras esmaltadas, fogões, máquinas de lavar roupa de fama europeia, radiadores, candeeiros, louça em ferro fundido e esmaltado, etc.

                                                                         Publicidade em 1944

                                              

Encerrou definitivamente nos finais dos anos 80 do século XX. Depois de desactivada na sua vertente industrial, a ‘Fundição de Oeiras’ tem sido palco de um conjunto de manifestações muito diversificadas que vão desde a arte contemporânea às feiras de oportunidades, passando pela gastronomia ou pela cultura hip-hop. No edifício que albergou os serviços administrativos da ‘Fundição de Oeiras’ é ocupado, hoje, por serviços, também, administrativos da Câmara Municipal de Oeiras.

                                                               Serviços administrativos da CMO

                                  

10 comentários:

O Cuska disse...

Sabe quem foi o nome da pessoa que estudou em Paris para conceber as banheiras em ferro fundido, para depois serem esmaltadas?

José Leite disse...

Não ...

João disse...

Boa noite,
Adquiri recentemente uma banheira esmaltada em ferro fundido.Tem gravado um "2", a palavra "Oeiras", por baixo "50" e ainda "61985". Suponho que será uma banheira da fundição de oeiras, os números que indiquei em cima poderão indicar o ano de fabrico? Como conseguir essa informação?
Obrigado
Cumprimentos

José David disse...

Infelizmente já não conheço ninguém que possa dar essa informação. No entanto podemos aventar a hipótese do número 2 ser referente ao modelo (tamanho) da banheira. O anos de fabrico pode ser 50 (1950) o o outro o número de banheiras fabricadas até à vez dessa.
Passar bem.

Lucifer disse...

Os dados que disse estão correctos.
Felizmente ainda vou resistindo. De 1961 a 1965 fui controlador de fabrico na Fundição e fazia o controle dos materiais fabricados na zona da fundição e esmaltagem.

Unknown disse...

Manuel António Rita, conhecido apenas pelo seu apelido, Sr. Rita.
Um filho de fundidor manual de Olhão, que veio para Lisboa estudar.
Passou pela Fábrica da Pólvora, onde esta evoluiu para a Fundição de Oeiras.
Na altura apenas quem era rico podia comprar banheiras, pois vinham de Paris ou de Itália.
Este filho de fundidor, foi o técnico especializado que o sr. Cardoso (dono da Fundição) mandou para Paris para aprender a fazer banheiras de forma industrial. Hoje não há ninguém que não conheça as famosas banheiras da Fundição. Todas têm a assinatura deste senhor, cujo nome era Manuel Antonio Moura Rita.

Unknown disse...

Muito interessante estes depoimentos aqui lidos. Gostaria se alguém me informava sobre os skates feitos na Fundição de Oeiras. Agradecido.

Unknown disse...

Muito interessantes estes depoimentos lidos aqui.
Gostaria de saber sobre os skates fabricados na fundição de Oeiras.
Agradecido.

Unknown disse...

Gostei muito de conhecer um pouco da história da Fundição de Oeiras. Recentemente encontrei no lixo um aquecedor a gás esmaltado da Fundição e Oeiras, que gostaria de recuperar pois está com o esmalte impecável e a parte funcional também me parece boa, mas falta-lhe uma grelha de segurança na frente. Por acaso não sabe se existem catálogos ou imagens de aquecedores da referida fundição, para eu poder consultar, pois eu gostaria que manter o design da peça quando restaurar. Obrigada

Unknown disse...

Tenho uma Salamandra comprei em 1986, que funciona 5 estrelas, fabricada da Fundição de Oeiras

è muito bonita, a entrada da lenha é por cima, não sei se existiam vários modelos??

Julgo que era só um o que eu tenho!!!

Mas é LINDO!!!