Restos de Colecção: Palácio Pimenta

30 de janeiro de 2013

Palácio Pimenta

A “Casa da Quinta da Pimenta”, “Casa da Madre Paula”, “Palácio Galvão Mexia”, ou simplesmente “Palácio Pimenta”  - actual “Museu da Cidade” de Lisboa - foi construído por iniciativa do Rei João V de Portugal, em meados do século XVIII, para a sua amante Madre Paula, uma freira do Mosteiro de São Dinis, em Odivelas.

O “Palácio Pimenta”, do nome de um dos seus últimos proprietários, Manuel Joaquim Pimenta, ou “Palácio do Campo Grande”, pela sua localização urbana, presume-se que pelas características da construção, residencial barroca, tenha sido projectado por um dos dois grandes arquitectos joaninos, Carlos Mardel ou Ludovice.

Vistas exteriores do Palácio Pimenta

 

“Illustração Portugueza” em 1907

Religiosa do Mosteiro de São Dinis em Odivelas, Madre Paula, tornou-se a amante mais célebre do rei João V de Portugal, de quem teve vários filhos, entre os quais D. José de Bragança, um dos "Meninos de Palhavã". A expressão deriva do facto destes filhos terem habitado no palácio do marquês de Louriçal, na zona de Palhavã, na altura arredores de Lisboa mas que hoje se situa em plena cidade. Este edifício denominado “Palácio de Palhavã”, situado na actual Praça de Espanha, é hoje a Embaixada de Espanha em Lisboa.

Palácio de Palhavã

Os “Meninos de Palhavã”  foram:

D. António (1704-1800), filho de Luísa Inês Antónia Machado Monteiro. Doutorou-se em Teologia e veio a ser cavaleiro da Ordem de Cristo.
D. Gaspar (1716-1789), filho de uma religiosa, Madalena Máxima de Miranda (Madalena Máxima da Silva de Miranda Henriques). Veio a ser arcebispo primaz de Braga.
D. José (1720-1801), filho da religiosa Madre Paula de Odivelas (Paula Teresa da Silva e Almeida). Exerceu o cargo de Inquisidor-mor.

Estes receberam educação no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra sob o preceptorado de Frei Gaspar da Encarnação, para se fazerem religiosos. Por escrúpulos de consciência do rei, há um «Decreto porque S. Majestade houve por bem declarar três filhos ilegítimos», dado nas Caldas da Rainha em 6 de Agosto de 1742. Considera que eram filhos de «mulheres limpas de todo sangue infecto», pelo que pedia ao príncipe herdeiro para favorecer os irmãos.

Interiores do “Palácio Pimenta”

 

 

Em consequência de um conflito que tiveram com o marquês de Pombal, D. António e D. José foram desterrados para o Buçaco em 1760 de onde só puderam regressar depois da morte de D. José I, em 1777. O traço de escândalo pela paixão que inspirou ao soberano durante a longa relação amorosa foi ampliado pela reputação do luxo que a protecção dele, enriquecido pelo ouro brasileiro, lhe proporcionou. Madre Paula viveu sumptuosamente, mesmo após a morte de D. João V. Veio a falecer com 67 anos, sendo sepultada na Casa do Capítulo do Convento de Odivelas.

 

 

A criação do “Museu da Cidade” de Lisboa a partir da ideia de criar um museu municipal que documentasse a história de Lisboa remonta a 1909 (vereação de Anselmo Braancamp Freire, 1908 - 1912). Foi Criado a 15 de Julho de 1909, data da aprovação da proposta do vereador republicano Tomás Cabreira. Inicialmente instalado nos Paços do Concelho, passou pelo Carmo e pelos palácios Galveia (hoje Bilblioteca Municipal) e Mitra em 1942 até que, em 1979, foi finalmente instalado neste Palácio Pimenta, no Campo Grande após a aquisição deste em 1962 e depois de obras de reconstrução e adaptação dirigidas pelo arquitecto Raul Lino.

Notícia da inauguração do “Museu da Cidade no “Palácio da Mitra”, em 25 de Abril de 1942 na “Revista Municipal”

 

Actual “Museu da Cidade “ de Lisboa, no Campo Grande

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (estúdio Mário Novais), Arquivo Municipal de Lisboa

7 comentários:

caruma disse...

Muito bom, obrigada. Por este e pelos outros tão interessantes "Restos de Colecção" ! Sua leitora atenta c. gomes da silva

José Leite disse...

D. C. Gomes da Silva

Muito grato pelo seu amável comentário

Os meus cumprimentos

J.Leite

José Luís Santos disse...

Apreciei a informação partilhada, José Leite. Fico-lhe grato.

Cumprimentos,
José Luís Santos

MN disse...

Olá
Costumo partir das informações que o seu blog tem como partida de novas pesquisas mas, neste artigo completo, creio que agora já poderia edita-lo com base nas novas informações e investigações.
Bem sei que há um folheto que era distribuído no Museu da Cidade que foi descontinuado e ainda não sairam monografias publicas sobre a história deste edifício, o que leva todos os autores a repetirem as mesmas informações mas, esta casa não foi construída pelo rei D. João V, muito menos para uma freira de clausura que não sairia nunca do convento. O palácio da Madre Paula e, segundo informação que me deram, em Odivelas, colado ao convento.
O Palácio Pimenta foi mandado construir por Bartolomeu de Sousa Mexia, conforme um documento descoberto por um aluno do Professor Helder Carita, em que o BSM pede autorização para o transporte das pedras para a construção da sua casa.
Cumprimentos

José Leite disse...

Caro(a) MN

Muito grato pela sua informação adicional

Os meus cumprimentos

Margarida disse...

Boa Tarde, obrigado por partilhar neste blog informação bastante completa sobre monumentos como este, o Palácio Pimenta. Irei citá-lo com respetivo link através do meu blog para um pequeno post que estou a elaborar sobre este Palácio. Caso não permita que cite ou crie link para o seu blog, peço-lhe que me informe.
margarida

José Leite disse...

D. Margarida

Esteja à sua vontade. Eu é que a agradeço a gentileza do seu contacto.

Os meus cumprimentos

José Leite