Restos de Colecção: Instituto de Higiene e Medicina Tropical

11 de setembro de 2015

Instituto de Higiene e Medicina Tropical

A “Escola de Medicina Tropical”, foi inaugurada em 24 de Abril de 1902 ficou inicialmente instalada na ala Este do edifício da “Real Fabrica de Cordoaria”, na Junqueira, em Lisboa, paredes-meias com o “Hospital Colonial”. Com a instalação da “Escola de Medicina Tropical”, o curso de Medicina Tropical passaria a ser obrigatório para todos os médicos admitidos nos quadros do Ultramar e da Armada.

“Escola de Medicina Tropical” e “Hospital Colonial”, junto à “Real Fabrica de Cordoaria”

Com a designação de “Instituto de Medicina Tropical”, as instalações da Escola transitaram, em 1958, para as novas e actuais instalações do agora “Instituto de Higiene e Medicina Tropical”, igualmente na rua da Junqueira. 

O novo edifício, para o “Instituto de Medicina Tropical”, projectado pelos arquitectos Luís Cristino da Silva, Lucínio Cruz e Gonçalo Ribeiro Telles (paisagista) foi construído  entre 1954 e 1958 em terrenos que pertenciam ao “Morgado dos Saldanhas” junto do "Hospital do Ultramar” o qual - como Hospital especializado em doenças tropicais - lhe servia de apoio. Na sua construção intervieram, também,o ceramista Jorge Barradas, os escultores Euclides Vaz e Joaquim Martins Correia e o pintor Lino António.

O novo edifício do “Instituto de Medicina Tropical” seriai inaugurado em 12 de Dezembro de 1958, pelo Presidente da República, Almirante Américo Thomaz, com a presença do Ministro das Obras Públicas engenheiro Eduardo de Arantes e Oliveira, que fez a entrega do edifício ao Ministro do Ultramar, Vasco Lopes Alves, na presença do Director do “Instituto de Medicina Tropical”, Dr. Fraga de Azevedo e do Ministro da Educação Nacional, Dr. Francisco Leite Pinto. Estas instalações foram sendo alargadas, encontrando-se presentemente nos jardins do antigo “Palácio Burnay” modernos edifícios, construídos para dar apoio ao Instituto.

Terreno onde seria implantado o “Instituto de Medicina Tropical” e esboço do enquadramento paisagístico concebido pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles

 

Fases da construção efectuada pelo empreiteiro António Veiga

 

“Instituto de Medicina Tropical” inaugurado em 12 de Dezembro de 1958

 

 

 

«É constituído por uma cave, um rés-do-chão e quatro andares.
As instalações de estudo e investigação ficam no primeiro, no segundo e terceiro andares, funcionando ali as cadeiras de Patologia, Entomologia, Helmintologia, Protozoologia, Bacteriologia e Virologia, Dermatologia e Micrologia Tropicais, Higiene e Climatologia, e Helumtologia. Ali funcionam também os laboratórios, gabinetes, salas e camaras de diversos trabalhos especializados, havendo alguns anfiteatros.
No quarto andar, ficam os insectarios, jaulas para animais, etc.
A Aula Magna, no rés-do-chão - onde há também um anfiteatro para colonos, com 84 lugares -, tem 260 cadeiras.
E na cave há depósitos e arrecadações, funcionando também alguns serviços, como salas de desenho, de fotografia e de catalogação.» in “Diario de Lisbôa”

O “Instituto de Higiene e Medicina Tropical”, vocacionado inicialmente para o estudo, ensino e clínica das doenças tropicais, evoluiu recentemente para uma abordagem integrada que vai desde o nível molecular aos sistemas globais de saúde, adotando, sem abandonar a sua vocação tropical, um forte empenho na resolução de problemas de saúde que, em todos os continentes, afligem os mais pobres e os excluídos.

No seu ciclo colonial de 72 anos, o Instituto e os seus profissionais estiveram na linha da frente da investigação das grandes endemias tropicais, abrangendo: a doença do sono, o paludismo, a bilharziose, as leishmanioses, estudos sobre vetores e outras doenças endémicas nos trópicos, como as avitaminoses e a peste. Estas linhas de trabalho continuam actuais, reforçadas por linhas de investigação sobre tuberculose, diversas viroses mais prevalentes nos trópicos, saúde dos viajantes e de populações migrantes e sistemas de serviços de saúde, frequentemente no âmbito de redes e projetos em parceria, que emprestam ao Instituto um forte cariz internacional.

 

 

 

Em 16 de Julho de 1966, o “Instituto de Higiene e Medicina Tropical”,  passou a chamar-se "Escola Nacional de Saúde Pública e Medecina Tropical - ENSPMT", que se ocupava também da vertente da saúde pública. Em 2 de Outubro de 1972, o "ENSPMT"  divide-se em duas instituições, dando origem ao actual “Instituto de Higiene e Medicina Tropical”,  e à "Escola Naval de Saúde Pública". O Instituto manter-se-ia na dependência do Ministério do Ultramar até à sua extinção. Em 1980 foi integrado na “Universidade Nova de Lisboa”.

Inst. Medicina Tropical.0.3

fotos in:  Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa

2 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde.
Foi com entusiasmo e ao mesmo tempo bastante surpreendido pois há muito procurava.Finalmente encontrei seu blogue onde está uma riquíssima informação detalhada tanto em conteúdo fotográfico como em texto relacionado com a história do Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Digo isto porque pertenço ao núcleo do Museu da referida instituição. Sinto uma alegria pois vejo nas fotos alguns elementos de equipamento didáctico hoje considerados como acervo museológico, muitos deles estão a ser restauradas por mim. Peço-lhe se tiver mais conteúdo fotográfico e relacionado com o IHMT que me diga algo mais. Será sempre referenciado como autor das fotos onde e se me autorizar a expor as fotos ao lado das peças agora consideradas museu caso seja feito alguma exposição sobre o equipamento. Parabéns ao seu trabalho.
Cordialmente com os meus melhores cumprimentos, Luis Filipe Marto

José Leite disse...

Caro Luís Marto

Muito grato pelo seu amável comentário.

Não tenho mais nada acerca desta instituição.

Os meus cumprimentos

José Leite